Toda vez que passo por algum departamento de imigração em alguma viagem internacional, me vem o seguinte pensamento: "Como a gente falhou!".
Praticamente todas as salas de conferências de passaportes no mundo, são divididas em duas filas: a dos "locais" e a do resto do mundo. E seguindo seja lá por qual fila for, me sinto naquelas filas de gado que estão prestes a ser transportadas em carros de boi.
Eu nem sei por quantas "imigrações" eu já passei, mas sempre nesse momento da fila vem o pensamento: "a humanidade errou feio, pqp!". O mundo lá de cima não tem traço, não tem muro, não tem divisão. E pode até parecer piada, mas não é: "Se organizasse direitinho, todo mundo teria seu lugar, sua casa, comida e conforto".
O mundo está aí sendo deteriorado a passos largos para nós e por nós, a troco de que? Para afirmar status pessoais de consumo e pior, para mostrar qual é a nação mais fodona? Para exibir que quem "pode" manda mais? Porque a fome continua, as guerras continuam, as divisões continuam, e o "gado" segue em fileira indiana, a caminho de um guichê para beijar a mão papal do funcionário da polícia federal do país X, Y e Z.
Sério, que derrota!
A sala de embarque está até o talo, a pizza fria e borrachuda que não desce nem com um gole dessa cerveja boa. Eu já falei que cerveja belga é boa pra caralho? Avião sobe. Avião desce. Avião sobe. E lá vem o pensamento de novo: "É Dona Humanidade, a senhora de tão suprema pseudo inteligência e tão estúpida ao mesmo tempo. Erramos feio e sem desculpas."
Texto do meu diário pessoal. Escrito na sala de embarque no Aeroporto de Bruxelas, no dia 18 de março de 2018, esperando voo para Lisboa.
Suzy Braga